terça-feira, 15 de junho de 2010

O caminho de uma voz (29/04/09)

Em minha concepção de Corinthiano, penso que no estádio sou apenas uma das milhares de vozes que têm a obrigação de empurrar o Corinthians. Não vou ser hipócrita e dizer que apoio os 90 minutos. Mas tento ao máximo garantir, como em todos os jogos que vou, meus 85 minutos incessantes de apoio.
O que acontece é que cada uma dessas vozes tem a sua história, sua trajetória ao reduto Corinthiano. Uns vão de Caravana, outros de metrô, somente com a companhia de outros loucos, desconhecidos que se tornam irmãos, que se tornam "Curintchá". Tem gente que viaja com família, enfim, de tudo quanto é jeito. O que vou passar aqui é a minha história. O caminho de minha voz até o Pacaembu naquele 2 x 1 contra o "time da floresta".
Fui com minha família na sexta até um sítio em Lagoinha, interior de São Paulo. Eu já estava todo arranjado, ficaria no sítio até domingo de manhã, quando pegaria um ônibus com destino à Capital. Minha família é toda católica, e bem praticante, então vocês podem imaginar o choque que foi quando disse que largaria a família num domingo de Páscoa para ver, como eles gostam de falar, um "jogo de futebol". Não preciso dizer a vocês, irmãos, o absurdo dessa frase.
Pois bem. 5:30 da manhã de Domingo, já estava de pé. Chegando no centro de Lagoinha (se é que aquilo é um centro) descobri que o ônibus para Taubaté já havia partido. Ali mesmo fiquei sabendo que às 6:30 poderia tomar um para Pindamonhangaba. Queria ir de lá para Taubaté, por ter mais horários de ônibus para São Paulo, pois de Pinda direto para a capital só sairia 12:30, muito tarde.
Essa viagem de Lagoinha a Pinda é um capítulo à parte. Quando o ônibus chegou, não acreditei: era um escolar, digno daqueles que assistimos em reportagens nos confins do nordeste, levando crianças para a escola, sem segurança alguma. A estrada era de terra, toda sinuosa. O ônibus não conseguia passar dos 40km/h. Um trecho que, em uma estrada boa, demoraria 50 minutos, nessas condições que já citei, levou 2 horas e meia.
Os passageiros eram sitiantes da região e pessoas muito simples, que, ou paravam em sítios no caminho, ou que realmente estavam indo à Pinda. R$8,00 a "passagem".
Após uma viagem nada confortável, além de não ter onde encostar a cabeça, o balanço do ônibus na estrada esburacada não permitia nem sequer um cochilo. Chegando em Pinda, descobri que havia passado o ponto mais próximo da rodoviária. Perguntei o caminho e fui andando. Detalhe que nunca havia pisado em Pinda. Enquanto andava, meio perdido, vi 4 pessoas, todas uniformizadas com roupa da Gaviões da Fiel, bem distantes. Saí correndo para alcançá-los. Perguntei o óbvio: " Opa, me fala uma coisa, cês tão indo pro jogo?" Não acreditei quando disseram que estavam indo de caravana para o jogo. Conversei com o responsável. Disse-me que não tinha mais ingresso disponível, porém eu já tinha comprado ingresso pela net, então perguntei quanto ficaria só pela carona. Muito gentilmente, não me cobrou nada. " Sobe aí que é tudo Corinthians!"
Paramos para pegar a galera de Jacareí, São josé dos Campos e seguimos viagem. De São José à Capital foi só agito no ônibus.
Chegando em sampa eles foram direto à Rua São Jorge. Dali agradeci e tomei rumo sozinho pelo metrô. Tudo certo, cheguei ao Pacaembu... o resto é redundância.
Vai, Corinthians!

P.S.:Gostaria de agradecer mais uma vez os Gaviões do Vale, em especial à galera de Pinda. Além de não me cobrarem nada ainda me proporcionaram a ida ao estádio mais agitada que já tive.

P.S.2: O motorista do "ônibus" de Lagoinha para Pinda era IDÊNTICO ao Mano. Por 2 vezes dei risada sozinho só de olhar para a cara dele. Me arrependi de não ter tirado foto.

P.S.3: VAI, CORINTHIANS

No princípio é o caos...

Finalemente deixei o orgulho de lado e criei o blog. Sempre falei que não teria msn, orkut, twitter, e assim vai. Bom, como não estava conseguindo pensar em algo bacana pra começar esse blog, vou colocar um texto antigo que tenho aqui.