quarta-feira, 29 de abril de 2015

Começa nossa "Euroáfrisia"


Sim, tenho plena consciência de que estou atrasado nisso. Poderia dizer que estava sem tempo, sem acesso à internet ou, até mesmo, sem ideias (mas nada disso seria verdade). E, quase dois meses após iniciar nossa viagem, estou aqui, com minha namorada, Samanta Rodrigues, 22, dentro de um ônibus, no meio da Turquia, em direção à Capadócia, tentando relembrar momentos vividos, por exemplo, em Amsterdã. Tarefa difícil, sendo que, desde então, já passamos por outros dez países.

Começamos nossa viagem no dia 6 de Março, com um vôo de São Paulo para Amsterdã. Pretendemos visitar de 30 a 40 países (aqui você percebe que a palavra chave de nossa viagem é: "acaso"), em um período de dez ou onze meses. Mas, na realidade, nesse primeiro texto vou tentar responder à famosa pergunta que ouvimos a todo momento: "como/quando decidiram fazer isso?"

Não é segredo para ninguém que sou um apaixonado por viagens. Meus amigos podem confirmar que desde meus 14 ou 15 anos, por exemplo, eu já adorava pegar um ônibus intermunicipal em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, minha cidade, para ir passear em Caraguatatuba, cidade vizinha. 45 minutos, em média, o trecho, somente para desembarcar, andar até o calçadão, comer um pastel e tomar um caldo de cana (em qualquer "China" da vida). 

Quero dizer, com isso, que não tenho como meta poder dizer que conheci 794 países, percorri 949 mil quilômetros, etc.. Além disso, sou um grande amante dos destinos brasileiros (perderia um texto citando lindos lugares desse nosso "Brasilzão").

Porém, sempre tive vontade de fazer uma viagem desse tipo. Primeiramente, porque mesmo que você encontre grandes variedades culturais do Oiapoque ao Chuí (minha homenagem ao Monte Caburaí, que por mais que não seja lembrado, é o verdadeiro extremo norte do Brasil), ainda sim você tem o mesmo idioma e passaporte. Claro que há diferenças gritantes de um "bá, tchê" para um "arre égua!". Porém, todos com o "pé na cozinha", com a mesma posição na árvore genealógica da história.

Também sempre tive vontade de conhecer o famoso "primeiro mundo" (engraçado, pois se hoje não fazemos parte dele, grande influência teve a colonização desse povo "desenvolvido" sobre nós, latinoamericanos. Porém, guardo essa análise "xingando muito no twitter" para um outro momento).

Tinha vontade de ver se realmente era tudo isso, como funciona (aliás, funciona), como vivem, o que comem... Não perca, no próximo Glo... Ok.

E, claro, visitar também o outro lado da moeda (lado o qual, não é segredo para ninguém, que me desperta muito mais fascínio), onde a "bagunça" se assemelha mais com nosso país, onde sim, há mais perigo, violência, mas, sobretudo, onde há mais vida, calor humano. Onde nós, os macacos, dançamos mais, onde vivemos mais (deixo esse ótimo vídeo a respeito).

http://www.youtube.com/watch?v=ZY2z12ORYJI

E, por último, a questão do momento. É uma viagem que sempre pensei em fazer e, com 25 anos, é muito mais fácil de se realizar essa aventura do que aos 40 anos, casado, com filhos, etc.. Não que não seja possível, até porque já vi, e continuo vendo, vários exemplos assim. Além de não ter nada contra, até acho muito interessante. Porém eu, Artur Bruzos, não me vejo, com essa idade, com pique para pegar carona, dormir em rodoviária, escolher entre um par de meias ou a higiene, no banheiro, em algum lugar da Turquia, por exemplo.

Dito tudo isso, afinal de contas, quando decidimos viajar?

Um certo dia, enquanto estava navegando pela internet -havia pouco tempo que estava desempregado- acabei encontrando uma incrível promoção. Preços absurdos, para vários destinos da Europa. O site estava completamente congestionado e, após uns 30 minutos tentando diferentes destinos (pois nenhum funcionava, a todo momento o site não respondia), peguei os últimos dois assentos, com destino a Amsterdã. Créditos para minha amada Samanta, que possuía crédito no cartão, ao contrário do meu caso.

No dia seguinte, a companhia aérea, KLM, revelou que não se tratava de uma promoção, mas um erro de sistema. Porém, para a alegria geral da nação (ou pelo menos a minha e de Samanta) a companhia afirmou que "ficaria", que honraria as passagens compradas. Aliás, aqui fica todo o meu elogio à companhia holandesa. Em todas as vezes que liguei para eles, seja para confirmar informações ou retirar dúvidas, sempre fui extremamente bem atendido.

Até então, ficaríamos apenas 28 dias, visitando três ou quatro países. Porém, pensando melhor, comecei a me questionar: por que não agora? Havia, ao menos, cinco anos que eu imaginava fazer essa viagem. Quantos mais eu iria esperar? Iria esperar arranjar uma estabilidade em algum emprego, o que tornaria o plano inviável? Talvez esperaria uma época pré matrimônio, onde o pensamento estaria em guardar dinheiro para casar, comprar um imóvel, formar uma família? Obviamente que não. 

Sendo assim, pensei e, ao mesmo tempo, não pensei muito (pois esse é o tipo de coisa que se você deixa ecoar demais, você desiste). Conversei com Samanta, que após uns dias de retiro mental sobre a questão, aceitou de mochila, corpo e alma. Levou uns dias, até porque não é qualquer um que embarca em algo assim de uma hora para outra. Não escondi dela que nesse tipo de viagem você sai da zona de conforto diversas vezes ao longo de um único dia. Alertei que na teoria, nos blogs, redes sociais, tudo é lindo, mas que na beira da estrada, dentro do ônibus sem muita moeda local, sem hospedagem em um domingo pra segunda, às duas da manhã, sem banho, as coisas são diferentes. Porém, ela disse sim (pelo menos, por enquanto, segue dizendo).
E então, com apenas dois meses para a data da viagem, partimos para os planos, orçamentos, destinos e tudo mais que irei separar em outros textos que estão por vir.

Prometo que vou me empenhar mais e me policiarei a escrever frequentemente. Fiquem tranquilos, não vou deixar para escrever na Tailândia como foram os dias no mundo árabe... Inshalá!

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