quinta-feira, 17 de março de 2011

Uma formiga santa e ética, na fila


Toda pessoa que frequenta supermercados já se deparou com a seguinte situação: você está esperando sua vez, na fila do caixa, quando, repentinamente, surgindo de algum canto do comércio (ou, provavelmente, de um portal para outra dimensão, pois nunca vemos de onde essas pessoas surgem) o ser que está em sua frente na fila recebe um amigo, familiar, ente querido – maligno- com um carrinho de compras cheio de mercadorias. Essa civilidade, ou falta dela, é a mesma que cobramos de nossos representantes políticos. Porém, que moral tem uma pessoa que não respeita uma fila?

A princípio, em conversas com pessoas que pegam ônibus com você, com cidadãos que tomam café na mesma padaria em que você pede um misto quente, temos a impressão de que no mundo só há inocentes, gente do bem. Dificilmente você vai ouvir alguém dizendo que sim, que realmente ela fura fila, não dando a mínima para o próximo. Tão difícil é alguém assumir que furou o trânsito pelo acostamento, pois precisava chegar em casa para ver o final da novela. Contudo, é mais corriqueiro ouvirmos lamentações sobre os governantes, sobre a falta de honestidade de vereador ”x”, entre outras lamúrias.

Os comércios, em geral, tentam encontrar medidas para mudar esse cenário “fura-fila” (sem nenhuma associação ao antigo prefeito da capital paulista). Ultimamente, cada vez mais nos deparamos com as senhas impressas. Porém, com a genialidade que torna o ser humano a espécie mais fantástica do planeta terra, os vulgos “paladinos da honestidade” - sim, aqueles que lamentam sobre uma suposta falta de ética na política- se deram conta de que podiam emitir mais de uma senha, guardando, assim, lugar para um possível amigo querido, o qual, por sua vez, é tão “inocente” quanto o primeiro.

E seria impossível citar exemplos de falta de ética sem mencionar a "terra prometida" de todo esperto: o trânsito. Ao que parece, o cidadão (ou a tentativa de um) sente-se protegido pela couraça de metal à qual está guiando. Ao contrário das filas, em que todos podem se olhar nos olhos, o trânsito garante o anonimato do folgado. Um bom exemplo acontece quando o trânsito está parado e, subitamente, motoristas tomam uma medida que deveria deixar de queixo caído figuras como Einstein, ou Nietzsche, pois acharam um caminho o qual nenhum dos outros motoristas enxergou: o acostamento! Sim, o acostamento deve ser como a roupa do rei, a qual só os inteligentes conseguem visualizar.

Vítimas da superlotação do verão, as cidades praianas são as que mais sofrem com esse mal do acostamento. Assim como os comércios, as prefeituras tentam encontrar medidas para sanar essa questão, como foi o caso da Prefeitura de São Sebastião, litoral norte de São Paulo, à qual demarcou toda sua faixa de acostamento de sua principal via com cones, cavaletes, além de contar com a ação dos guardas de trânsito para autuar os espertinhos.

O fato é que todos cometem seus deslizes, seja não respeitar uma faixa de pedestre, burlar uma fila, jogar um chiclete na rua, entre tantos outros. E é o próprio erro do homem que gera uma maior demora no atendimento, o acúmulo de sujeira nas ruas ou o caos no trânsito (duvido alguém dizer que já viu um engarrafamento numa fila de formigas). A questão está em cada pessoa assumir sua verdade de “pecador” e, ao invés de criar sociedades de combate a x ou y, tentar cuidar de seu próprio umbigo, de suas ações, e até mesmo de seus potes de doce, evitando, desta forma, o trânsito de formigas entre seus mantimentos.

2 comentários:

  1. E no post anterior: " Lá, dei um migué e comprei entrada apenas para o campo (25 pesos), sendo que nao poderia entrar no museu. Mas dei um migué na entrada, talz, e também vi o museu. Muito legal. Na hora de sair, eu nao tinha rasgado o meu ticket, entao procurei um Corinthiano (o que nao é difícil de achar) e o presenteei com a entrada intacta haha."

    poxa vida hein?

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  2. e onde eu falo que não cometo erros? onde eu falei que sou santo? pelo contrário, falo "todos somos". Só que, mesmo no erro, vai uma diferença entre ser mais esperto e ferrar alguém, pessoa, a ferrar uma organização, empresa. Claro, tá errado do mesmo jeito, mas sei e tenho consciência disso, e não saio fazendo pose de santo, botando toda a culpa em políticos, num discurso politicamente correto.

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